segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Enem e a balada do movimento estudantil


O Enem dos dois últimos anos foi um “projeto piloto”.

É isso que só agora, depois das trapalhadas a bordo dos dois mau pilotados exames, veio a público dizer Malvina Tuttman, nova diretora do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais responsável pelas provas.

A esculhambação do Enem-Sisu e a permanência de Fernando Haddad no cargo de ministro da Educação ainda resistem à prova da incompetência porque estudantes brasileiros não têm uma entidade que, de fato, os represente.

Tinham a UNE, a União Nacional dos Estudantes.

A UNE ficou pianinha na aba de Lula. E nem miudinho vai piar na aba de Dilma Rousseff.

Ao fim do mandato, Lula destinou R$ 57,5 milhões dos cofres públicos para a entidade. O dinheiro foi dado a título de indenização, vez que a sede da UNE, no Rio de Janeiro, foi destruída no ano de 1964.

A UNE, consta, pretende construir nova sede de 13 (número sugestivo, não?) andares. O prédio é projetado por Oscar Niemeyer. Orçado em R$ 40 milhões, incluiria um teatro, um memorial e a sede da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

Resta saber que necessidade tem a UNE desse portento arquitetônico.

O préstimo da UNE hoje caberia numa sala comercial.

Basicamente tornou-se uma repartição cujo expediente é emitir carteirinhas estudantis de meia-entrada para cinema e show de sertanejo “universitário”.

Diferente da UNE que era uma entidade militante, com destacada história de enfrentamento do poder, na resistência política dos anos 60, nos movimentos culturais e estudantis de ideologia esquerdista.

OK, foi mal. Já sei: falar de “esquerda” nesse país é tão cafona quanto dizer cafona. Ah, sim, e quanto às ideologias e o ativismo abraçados, at long time ago, por estudantes que punham o bloco na rua a serviço da liberdade. Agora, servos do poder.

Hoje a UNE defende que o governo – isto é, o dinheiro público – financie a entidade para que ela mantenha boas relações com o governo.

Por ‘boas relações’ entenda-se até protesto contra a criação de uma CPI para investigar irregularidades da Petrobras no governo Lula. A manifestação aconteceu em 2009, durante o 51º Congresso da UNE. Quem patrocinou o congresso? A Petrobras. Nada a ver com aquela, outrora, combativa agremiação.

É a nova categoria emergente: a “burguesia” estudantil financiada com dinheiro público.

Movimento estudantil? Só na balada.

2 comentários:

  1. Bem, temo que não apenas a negligencia da UNE tenha colaborado (ou não atrapalhado) os nada sábios planos de nosso nada sábio governo, de trazer condições para o estudante da rede publica terem acesso ao ensino superior. Pior que isso, o que me incomoda é saber que muitos e muitos professores aprovam tais medidas do governo e inclusive criando argumentos fantásticos para firmarem tais idéias. Mas será essa a verdadeira opinião destes profissionais, ou será que foram ate mesmo 'comprados' pelo aumento do salário dos professores da rede publica ? Prefiro não acreditar em nenhuma das duas. Seria triste demais saber que o chamado 'profissional responsável pelo crescimento do país' não tem faro o suficiente pra saber que estamos em uma cilada, ou saber que estas marionetes são como as bananeiras, ou seja, vão para onde o vento sopra. E qualquer uma dessas opções é um sinal vermelho, dizendo que nossas crianças, nosso futuro, estão sendo o reflexo de um espelho já quebrado.
    Mas de forma humilde, é apenas meu ponto de vista.

    Juan Enrique Mares Ribeiro

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  2. É deprimente pensar que estamos, na condição de estudantes, vulneráveis ás decisões de entidades que não se dão o menor valor, a nós então, nem se fale. E vulneráveis sim, porque de fato o que fazemos ao delatar todo mal não é reconhecido... aliás, discussão politica é o que menos arrebata multidões ultimamente. Olha a UNE aí, desviada dos seus propósitos e a favor da 'contenção'. O que mais me deixa triste é saber que ninguém vê e ninguém sabe de nada. A realidade está escancarada e a democracia de uma figa em que vivemos só serve pra assegurar o poder na mesma linha. Passa de Lula, pra DR e continua Fernando Haddad . Eu gostaria muito de dar credibilidade ao sistema educacional brasileiro e de pensar que existe um futuro próspero para o Brasil.Mas, chega de ilusão!!!

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