terça-feira, 31 de julho de 2012

"The Supremes"

Vera Magalhães (Jornal Folha de S.Paulo, 31/07/2012)
A partir de quinta-feira, a Olimpíada de Londres ganhará concorrência na TV e no noticiário de sites e jornais: a cobertura extensiva de um inédito julgamento de 38 réus de uma vez na mais alta corte de Justiça do país.
Mais de 500 jornalistas foram credenciados para relatar as sessões do mensalão, que vão se arrastar, como um reality show, por semanas a fio.
Transformados em estrelas de uma espécie de "Show de Truman" judiciário, os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal experimentarão uma overdose da exposição que passaram a ter desde o advento da TV Justiça, que transformou rostos desconhecidos em figuras públicas.
Vários membros do STF relatam casos em que já foram abordados na padaria ou em voos com perguntas do tipo: "E aí, quando vocês vão julgar o mensalão?''. Esse tipo de cobrança anônima, somada à pressão da opinião pública, contribuiu para que o julgamento fosse marcado para agora, em pleno período eleitoral.
A TV Justiça e uma preocupação em "arejar" o STF, a partir do governo Fernando Henrique Cardoso, fizeram com que a corte tenha, hoje, um perfil menos vetusto e mais sensível à chamada voz rouca da rua.
Não à toa, Ricardo Lewandowski, o revisor do mensalão, disse em 2007 que muitos ministros votaram "com a faca no pescoço'' pela abertura da ação penal que agora será julgada.
Essa atenção inédita sobre uma corte antes impermeável ainda será sentida em decisões como a do ministro José Antonio Dias Toffoli, que, até agora, não disse se vai se considerar suspeito de votar, dado o seu histórico de advogado do PT e ex-assessor de José Dirceu, réu no caso.
Houve quem sugerisse proibir imagens no plenário. Na semana passada, advogados tentaram impedir o uso dessas cenas na campanha eleitoral. O problema é que, uma vez exposto à luz do sol, o Supremo não pode mais fechar as persianas.
"The Supremes", o show, estreia quinta-feira, na TV aberta e fechada.

Assédio eleitoral

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Manual de sobrevivência do eleitor em eleições repletas de vigaristas

1 – O candidato pinta cabelo, barba, cavanhaque? Usa botox? Não vote. Se faz isso é porque já tenta esconder algo dele mesmo. O que não esconderá do eleitor? Político photoshop, de cabelo acaju? Chega! Se não é mentira é boiolagem.
2 – É candidato carismático? Fora! Carisma serve [também] para disfarçar a busca pelo poder, esconder autoritarismo ou incompetência. Ou ambos. Ele não tem inimigos? Não se indispõe com adversários? Então só pode ser candidato a mister simpatia, menos ao cargo pretendido. Psicopatas e estelionatários podem são simpáticos, sedutores. Lembre-se disso.
3 – Ele se faz de vítima, não responde a ataques? Se responde, culpa a imprensa ou a oposição? É fake, 171! Faz tipo de coitado? Chora e jura? Mentira pura. Não caia na chantagem. Fachada – como tudo na vida – se deteriora de dentro para fora. Não é diferente com as pessoas.
4 – O candidato se vende como político “novo”? Novidade em política é ovo que galinha não botou. Se botou está choco. Pode ver que o “novo” carrega alianças firmadas por velhas coligações, partidos e partidários. Político que se elege prometendo novidade? No Brasil? Este não engana: será fatalmente apenas a mais nova decepção.
5 – O candidato é velho conhecido? Se de velho tem a experiência e a dedicação de uma vida de trabalho a serviço da comunidade, pode até ser. Não quer dizer que é. E quando é, geralmente tem um trabalho social fora e longe da política. Basta pensar nos benfeitores da humanidade: não foi na política que deixaram grandes obras.
6 – O candidato se apresenta como filho de fulano ou de fulana? Desconfie. O filho costuma ser a reedição mais preguiçosa, interesseira, incompetente e piorada do pai ou da mãe. Por pouco, quer valer-se da tradição, do curral eleitoral ou do nome para trepar ao poleiro. Há exceções? Em política, pode crer, são hipotéticas ou desconhecidas.
7 – O candidato faz festa, churrasco, regabofe e boca-livre? Dá ingresso para shows e boates, paga estadia de hotel e motel, paga contas, camisa de time de várzea e consulta médica? Aceite, participe, coma e beba de tudo à vontade, usufrua, explore, desbunde e peça mais! Diga até que votará nele, mas vote em outro. Falsa promessa trocada não dói. Pode ter certeza que o compromisso dele com você e sua comunidade acaba junto com a festa. Depois de eleito, quem faz a festa é ele. Mas quem paga a conta é você!
8 – O candidato faz campanha rica? Gasta muito? Muita publicidade, muita divulgação multimídia, muito brilho e trololó? Comitê, outdoors, banners, cartazes, carros adesivados, brindes? Oba-oba e tatibitate? Ligue o desconfiômetro: é sinal de que o investimento promete lucro muito maior. Para ele, claro. Aí tem. Fuja desses. São os piores.
9 – O candidato age e fala como gente humilde? Faz-se de humilde, de homem do povo, um tipo que nem “nóis”? É truta. Teatro barato. Desmascarar é fácil: elogie bastante a humildade dele. Mas elogie mesmo. Na hora vai se revelar o orgulho sob a capa da humildade. É a deixa. Despache-o.
10 – O candidato fala bonito, é todo prosa? Aí, cuidado redobrado! Costuma ser só clichê, falácia. Discursos tão vazios quanto as promessas de campanha. Candidatos prometem em momentos de euforia como se tudo dependesse da vontade deles apenas. Promessas, lembra o ditado, só as de Cristo. E muito candidato aí jura que é cristão.
11 – O candidato é de alguma igreja? Exconjure. Exorcize. Benza-se. Feche o corpo. De promessas quem vive é santo. Como ninguém o é, inferno e política estão cheios de promessa. Religião – nem escola ou falta de – dá certificado de caráter. Em religião e política, seja qual for a crença, quanto mais gente de joelhos melhor. Pense nisso e não dobre a espinha.
12 – E o nome de urna do candidato? O nome de urna é divulgado nos santinhos e aparece na urna eletrônica. Este ano, 106 políticos escolheram Lula, 68 candidatas Dilma e 48 vão de Tiririca como o nome de urna, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nome de urna diz muito – e nada – do candidato. Apelidos, diminutivos, termos que forçam afetividade gratuita, associam com artistas ou personagens populares, induzem piadas ou o “voto de protesto”? Mande pras cucuias.
13 – O candidato depende do prestígio de outro político para se eleger? Não tem luz própria, nem mérito. Apague-o nas urnas. Pode saber: o outro é que quer (re)eleger o apadrinhado. É continuísmo, tudo a mesma merda.  
14 – É candidato a vereador, mas promete obras disso e daquilo? Caia fora. Função de vereador é legislar – coisa que poucos ou nenhum fazem. É fiscalizar se as obras e os projetos em execução não foram superfaturados, se atendem aos interesses da população. Outra coisa: vereador não é despachante de uma pessoa ou bairro. Ele tenta a reeleição? Informe-se. Não tem ou teve atuação abrangente? Defendeu e aprovou aumento do próprio salário ou do número de vereadores na câmara contra a vontade do povo? Pé na bunda! A maioria é capacho de prefeito. Ou vê o mandato de vereador como emprego ou profissão, quer status, ascensão social e econômica. A maioria – depois de eleitos –, observe, além de incompetente sofre de mal incurável: a empáfia. Reconhecê-los é fácil: têm soluções para tudo e sempre prometem resolver problemas que não são de sua responsabilidade.
15 – É candidato a prefeito, disputa a reeleição? É simples. Observe a rua em que você mora. Está limpa? Tem capina? Tem coleta de lixo regular? Tem meio-fio, calçamento, calçada, iluminação, rede de esgoto? Ou está sendo maquiada nessa época eleitoral? Você se sente seguro de andar nas ruas a qualquer hora? O trânsito, como está? Há transporte público de qualidade? A rua onde você mora é a cara do prefeito e dos vereadores. Se não está bem, pode ter certeza: prefeitura e câmara estão piores.  
16 – O candidato quer se reeleger proclamando a realização de obras públicas como grandes feitos? É um perdulário. Se fez, não foi mais do que a obrigação dele. Para isso mesmo foi eleito. Para tanto você paga impostos – altos e mal aplicados (quando não desviados em obras superfaturadas), pode ter certeza. Esse tipo age como se o eleitor dependesse dele e não o contrário.
17 – O voto nulo anula a eleição? Não. O Tribunal Superior Eleitoral decidiu que não. Você acha mesmo que patifes políticos vão criar ou aprovar leis contra eles? A lei é premeditada contra o eleitor. Se 60% dos votos forem brancos ou nulos, os 40% de votos dados aos candidatos serão os válidos. Basta um dos candidatos obter 20% mais um desses votos para estar eleito. Em suma, se o voto da minoria é válido, qualquer pilantra está eleito. A eleição só é anulada se houver fraude na votação (por exemplo, compra de voto ou abuso de poder econômico).
18 – Não se deve reeleger candidatos? Políticos e fraldas devem ser trocados sempre, pelo mesmo motivo. Na internet, circula uma campanha: “Na próxima eleição, troque um ladrão por um cidadão.” Alternância pode ser alternativa, embora tudo no Brasil das duas últimas décadas o desdiga. A cada eleição, vai-se trocando seis por meia dúzia, o menos pior pelo pior ainda, o que roubou muito pelo que vai roubar ainda mais. Mas lembre-se: eleitor é o que vota. Cúmplice é quem apoia ou acoberta o crime.
19 – O candidato se diz “de esquerda” mas desfruta do conforto e das benesses do capital que ele "demoniza"? Esse aí, nem precisa dizer. Quer é mamar. Mande-o pentear macaco! Sempre tem macaco – e macaca – de auditório disponível. Fique alerta: esquerda ou direita hoje no Brasil tem a ver apenas com a mão usada para o desvio.
20 – Se diz “de direita” mas apregoa ideologias “de esquerda”? É um demagogo. Mande-o plantar batatas!  De novo: esquerda ou direita no Brasil tem a ver apenas com a mão usada para o desvio ou a conveniência para defender o malfeito.
21 – É de centro e flerta com os “extremos”? Dizem que a virtude está no meio. Resta saber: qual virtude? Candidato em cima do muro. Derrube-o: não vote. Ideologia política no Brasil é que nem peido. Só muda o rabo. O que existe é interesse financeiro, pessoal, projeto de poder.
22 – Ficha limpa adianta? A sociedade organizada bem que tentou... A ficha pode até ser limpa, mas a conta do candidato pode ser suja. O TSE, aparelhado, decidiu aprovar o malfeito e a bandalheira contra o eleitor (saiba por que, aqui). Tem candidato aí levantando slogan de “Honestidade” e “Trabalho”. Só não paga os credores. Caloteiro. Que a porta bata onde o sol não bate!
23 – Não sobrou ninguém em que votar? Para quem vai votar, sobrou trabalho de garimpo. Isto é, você precisa ser mais seletivo, esclarecido, participar mais da vida de sua cidade, estado e país. Faça uma visita ao pronto-socorro local, para ver se está tudo bem por lá. Informe-se da violência e das drogas na cidade. Por aí tire suas conclusões. Por fim, lembre-se: na tecla verde da urna eletrônica está escrito CONFIRMA. E não FODA-SE.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Retrato da universidade na era Lula: 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente

Um país acaba por ter a cara de quem o (des)governa. Não basta empurrar aluno para uma faculdade em nome da “expansão do ensino superior” sem qualidade garantida. Até porque há certas coisas que se o sujeito não leva com ele para a universidade jamais sairá de lá com elas.
Mas acho que os números são até otimistas diante da bufarinheira petralha instituída com aval das próprias universidades: 38% dos estudantes universitários da era Lula/Haddad não dominam habilidades básicas de leitura e escrita.
A estatística é do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa.
O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade. Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto.
O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo. Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações.
Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita.
"A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais alunos nas escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade."

domingo, 8 de julho de 2012

Macaco y Fito - Puerto Presente

Sinal dos tempos

O menininho chegou para o pai que estava na sala lendo o jornal e disse:
– Papai eu estou pensando em uma carreira no crime organizado.
O pai achou curiosa a ideia e resolveu testar o filho:
– No governo ou na iniciativa privada?
– Bem, o senhor já não falou que a gente começa é aos poucos? Então...
– E exatamente em que você está pensando?
– Eu poderia começar como cabo eleitoral de algum candidato ou até assessor talvez.
– Ora, esqueça meu filho... você ainda é muito jovem para concorrer no esquema político brasileiro.

Brasileiros já são reféns do crime organizado

Sob o domínio da Impunidade e do Crime, até quando?
Por Jorge Ferrão
Na semana em que o governo federal lança o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, para a formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas públicas para tais questões essenciais, uma pesquisa oficial confirma que, sob o aspecto psicossocial, os brasileiros e brasileiras já são reféns do Governo do Crime Organizado.
O Sistema de Indicadores de Percepção Social de Segurança Pública do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou um dado literalmente assustador. Pelo menos 62,4% da população teme morrer assassinada. Outros 62,3% temem ter muito medo de assalto à mão armada. Também 61,6% cultivam o temor de arrombamento residencial. E 54,5% morrem de medo de sofrer agressão física.
Pela leitura simples e objetiva da pesquisa do Ipea, os brasileiros e brasileiras vivem apavorados. Quem sobrevive deste jeito, por consequência natural, tem dificuldade de reagir e combater, de forma eficiente, o mal que o aflige. Logo, quem não reage acaba rastejando para o problema. Quando assume dimensão psicológica e social, influindo na vontade das pessoas, o sistema do crime vence e reina com mais facilidade. Ainda mais em um País de injustiças e impunidades sistemáticas.
O Estudo do Ipea indica que apenas 6% da população confiam muito na Polícia Civil. Outros 6,2%, na Polícia Militar. 8,9%, na Polícia Rodoviária, e 10,5%, na Polícia Federal. Pelo menos 12% dos entrevistados reclamaram que tiveram problemas cometidos pelas autoridades. Na lista negra, ameaças, extorsões, ofensas verbais e até agressões físicas. A pesquisa do Ipea aplicou 3.799 questionários de forma representativa para as regiões do Brasil, entre os dias 10 e 30 de março deste ano.
O teor de tal pesquisa se torna ainda mais alarmante quando temos a informação segura de que, nos bastidores do Judiciário, já se dá como muito provável a previsão de absolvição para a grande maioria dos 38 supostos mensaleiros. A tendência é que a maioria dos ministros do STF considera que não se pode comprovar o mensalão. No entanto, para não deixar no ar alguma impressão de impunidade, desagradando a opinião pública e publicada, o STF deve aplicar condenações aos réus que, comprovadamente, cometeram algum tipo de crime de lavagem de dinheiro. As acusações de peculato e formação de quadrilha, com o mensalão “incomprovável”, ficariam prejudicadas – o que facilitaria a absolvição dos principais acusados.
O medo psicologicamente cultivado pela população e mais um terrível e péssimo exemplo de impunidade dado pelo caso do Mensalão podem agravar ainda mais nossa crise institucional, abrindo espaço para duas coisas. Ou para uma ruptura (menos provável, dada a desmobilização e a inação do povo amedrontado). Ou para a consolidação do Governo do Crime Organizado, que atende aos interesses globalitários, anti-brasileiros, de nos manter sob exploração e subdesenvolvidos.
Os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira – espera-se que menos amedrontados – vão mudar o quadro vigente? Ou vão permanecer covardes e se curvando ao Governo do Crime, apenas protestando para si mesmos, entre seus seletos grupos ou via internet? A resposta para tais dúvidas definirá o destino próximo do Brasil: Nação soberana e potência mundial ou Nação subalterna e impotente diante dos esquemas que a vilanizam.
Enquanto ninguém decide, milhares de políticos ficha-e-contas-sujas começam o patético teatrinho para conquistar seu voto, garantindo-lhes um empregão público por quatro anos aos 5.563 prefeitos de municípios brasileiros com 56.818 vereadores. Uma festança!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bolso de tonto tem outro dono

Não tem nada de marolinha a crise que desde 2008 vem fazendo água nos cascos da economia global. No País das Maravilhas Fajutas da era Lula, o governo Dilma Rousseff decretou uma redução mixa dos juros bancários e baixou impostos de produtos industrializados. Isto é, baixou os impostos de alguns produtos, mas, para compensar, aumentou de outros mais consumidos como refrigerante e cerveja.
Foi esta a “resposta” à crise, o que até pode tê-la amenizado em alguns setores, mas de resto não se tem agenda nem projeto para melhorar a economia (não é verdade, senhores lojistas?). Se tem, cadê? Falta ânimo ou competência, embora Dilma Rousseff – nas más companhias de Hugo Chávez, o beiçudo de Caracas, e da bipolar Cristina Kirchner –, ao invés de cuidar da própria casa, não poupe esforço, tempo e energia para se meter em negócios paraguaios.
Até agora a presidente, seguindo a irresponsável cartilha do patrono Lula Inácio – de quem ela, sim, recebeu uma herança maldita (basta ver, por mau exemplo, o post logo abaixo) –, só estimulou o aumento do consumo com endividamento das famílias. A inadimplência é alta e continua só aumentando. O modelo de crescimento baseado em consumo está esgotado, o Ipea falou, o Ipea avisou.
A crise bate à porta das indústrias e não são poucos os setores ameaçados, sem perspectiva de retomada.  
Enquanto isso, não cessa a orgia com os gastos públicos, com as obras emperradas e superfaturadas do PAC, como a transposição do rio São Francisco, a Ferrovia Norte-Sul, a Usina de Belo Monte e aqueloutras da Copa da Roubalheira de 2014.
Os sindicatos acumpliciados mantêm dentro do saco a violinha desafinada com os interesses dos trabalhadores que fingem representar.
Os partidos aliados do governo, com a proximidade das eleições municipais, seguem naquela de olho no peixe com a mão do gato. O Congresso, leniente, mas com apetite predador, com certeza prepara alguma bomba que mais cedo ou mais cedo ainda vai explodir no lugar de sempre: nos costados dos contribuintes.
O empresariado e as elites financeiras? Não fazem senão repetir o mantra da reforma tributária e trabalhista, muito mais ocupados com as benesses que daí possam extrair do que com um projeto real de desenvolvimento. 
Tudo junto e misturado no caudal da pasmaceira e do desfalque, os remendos putativos da política só engrossam a fórmula da mega-vaselina. Não entendeu? Tire o seu da reta, porque bolso de tonto tem outro dono. Gaste só o necessário, reduza despesas, evite dívidas a longo prazo, corte cartões de crédito. Pechinche. Finja-se de morto. Mas poupe o seu dinheiro.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Uma história Real. Onde você estava há 18 anos?

Muitos se lembram, não dá para esquecer.
Tantos – e não são poucos – fingem que se esqueceram.
Outros, com certeza, são os milhares de brasileiros que desconhecem os fatos. Estes, talvez sem saber exatamente do que se trata, até já ouviram falar de inflação.
Há 18 anos, ela infernizava a vida de todos com o aumento generalizado e contínuo dos preços, com a desvalorização da moeda por conta da má administração da economia.
Os mais jovens, que hoje convivem com a moeda brasileira, o Real, certamente não têm noção do que isso significa para todos que, há 18 anos, viram nascer o único programa da história da República Nacional que funciona. O único que não só botou no eixo a economia e combateu a hiperinflação, como garantiu ao Brasil condições de se desenvolver e consolidar as bases da estabilidade de que hoje o país desfruta.
Em julho de 1994, a inflação batia à casa dos 50% ao mês. A alta incontida dos preços destroçava o poder de compra da população.
Itamar Franco era o presidente. Assumiu após o fiasco do governo de Fernando Collor de Mello, que renunciou ao cargo para safar-se de um impeachment por crimes de responsabilidade em meio a um tsunami de denúncias por corrupção trazidas a público pelo próprio irmão dele, Pedro Collor. O clima era de recessão, desemprego, descrença generalizada nas instituições.
Ministro da Fazenda do governo Itamar, Fernando Henrique Cardoso, com o apoio de uma equipe de economistas, idealizou o projeto e implantou as reformas econômicas e monetárias, o chamado Plano Real. Antes, o Brasil amargou o fracasso de sucessivos planos contra uma inflação renitente, que de 1965 até 1994 acumulou 16 dígitos: 1.142.332.741.811.850% um percentual comparável ao da Alemanha em 1920, quando aquele país teve sua moeda e sua economia destruídas.
Melhor seria nem lembrar, mas dá para imaginar os efeitos disso na vida de um assalariado. 
Mas o Plano Real vingou e ainda sobreviveu a três grandes crises mundiais que não foram nenhuma marolinha não: a Crise do México (1995), a Crise Asiática (1997-1998) e a Crise da Rússia (1998).
Apesar de tudo, Lula Inácio da Silva & Cia do PT foram os maiores opositores do Real. Votaram contra, apostaram na instabilidade e no fracasso, publicamente deturparam todas as medidas de salvação da economia e de recuperação do crescimento do país.
Já na presidência, durante oito anos Lula mentiu descaradamente, disse que recebeu uma herança maldita. Ao contrário, herdou um país com inflação controlada por medidas saneadoras, de efeito duradouro. Elas permitiram arrumar a casa e condicionaram a prosperidade econômica que elevou o Brasil ao posto de 6ª economia mundial.
Os fatos são recentes, embora a fuzarca nacional conspire por confirmar aquela tese do jornalista Ivan Lessa: há cada quinze anos o Brasil esquece os últimos quinze anos.
Mas a história do Real é real. Tudo documentado em texto, imagem, cor e som. Na memória de quem viu e viveu.
Ainda que, contra a boa-fé dos que realmente não a conhecem, os voluntariamente esquecidos e os desonestamente desmemoriados insistam em não reconhecer o feito. Ou encobri-lo e desmerecê-lo, como faz o velhaco Lula Inácio sob o testemunho das câmeras no vídeo abaixo.
Para mais refrigério da memória, o leitor vai encontrar, aqui e aqui, respectivamente, ótimo artigo do Jornalista Augusto Nunes, publicado em seu blog, e um bom resumo do site Wikipédia sobre aqueles tempos trevosos. Que, oxalá, não retornem por obra dos prevaricadores empoleirados no poder.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Lula e o ornitorrinco

“Lula não tem caráter.”
A frase matadora é do sociólogo Chico de Oliveira, fundador do PT, no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ontem, 02/07/2012. Professor emérito da USP, torturado e perseguido pela ditadura, Chico é daqueles que não fazem praça disso.  
Na entrevista, altamente recomendada para petralhas e oposicinha em geral, ele expõe o oportunismo ‘tout court’ do partido voltado à perpetuação do PT no poder.
E antes que se recorra à patifaria da “perseguição pela mídia” ou se acuse o velho Chico de qualquer ressentimento – o que decerto os ressentidos militontos farão –, cabe lembrar certas "afinidades eletivas": não existe eleito sem eleitor, nem (des)governante sem (des)governado.
Quem quiser assistir à entrevista, disponível no Youtube, basta clicar no link:
Charge de Chico Caruso
(Chico de Oliveira é autor do livro “Crítica à Razão Dualista: O Ornitorrinco”, publicado em 2003. A obra analisa a economia e compara o Brasil ao ornitorrinco – um bicho que não é isso nem aquilo: urbanizado, mas com pouca força de trabalho e instrução insuficiente, saúde e educação precárias. Um país que ‘parece dispor de consciência, pois já se democratizou há três décadas’, mas que padece da falta de conhecimento, ciência e técnica. O ornitorrinco – um animal improvável na escala da evolução – é a forma como Chico qualifica a espécie de capitalismo que se gerou no país e que não dá mostras de mudança com o Partido dos Trabalhadores na Presidência da República.)

Virou vidraça?

Do Jornalista Carlos Chagas
Não deixa de ser significativo o episódio dos dois Mirage da Força Aérea que, sobrevoando a Praça dos Três Poderes em dia de festa, arriscaram baixar além do recomendável, causando a quebra das vidraças do Supremo Tribunal Federal. Para quem imaginava que a mais alta corte nacional de justiça era pedra, pela rigidez de seus julgamentos, ficou a surpresa: virou vidraça. Será um presságio ligado ao mensalão?
Foto: Dida Sampaio/AE