Sob o domínio da Impunidade e do Crime, até quando?
Por Jorge Ferrão
Na semana em que o governo
federal lança o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública,
Prisionais e sobre Drogas, para a formulação, implementação, execução,
acompanhamento e avaliação das políticas públicas para tais questões
essenciais, uma pesquisa oficial confirma que, sob o aspecto psicossocial, os
brasileiros e brasileiras já são reféns do Governo do Crime Organizado.
O Sistema de Indicadores de
Percepção Social de Segurança Pública do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) revelou um dado literalmente assustador. Pelo menos 62,4% da
população teme morrer assassinada. Outros 62,3% temem ter muito medo de assalto
à mão armada. Também 61,6% cultivam o temor de arrombamento residencial. E
54,5% morrem de medo de sofrer agressão física.
Pela leitura simples e
objetiva da pesquisa do Ipea, os brasileiros e brasileiras vivem apavorados.
Quem sobrevive deste jeito, por consequência natural, tem dificuldade de reagir
e combater, de forma eficiente, o mal que o aflige. Logo, quem não reage acaba
rastejando para o problema. Quando assume dimensão psicológica e social,
influindo na vontade das pessoas, o sistema do crime vence e reina com mais
facilidade. Ainda mais em um País de injustiças e impunidades sistemáticas.
O Estudo do Ipea indica que
apenas 6% da população confiam muito na Polícia Civil. Outros 6,2%, na Polícia
Militar. 8,9%, na Polícia Rodoviária, e 10,5%, na Polícia Federal. Pelo menos
12% dos entrevistados reclamaram que tiveram problemas cometidos pelas autoridades.
Na lista negra, ameaças, extorsões, ofensas verbais e até agressões físicas. A
pesquisa do Ipea aplicou 3.799 questionários de forma representativa para as
regiões do Brasil, entre os dias 10 e 30 de março deste ano.
O teor de tal pesquisa se
torna ainda mais alarmante quando temos a informação segura de que, nos
bastidores do Judiciário, já se dá como muito provável a previsão de absolvição
para a grande maioria dos 38 supostos mensaleiros. A tendência é que a maioria
dos ministros do STF considera que não se pode comprovar o mensalão. No
entanto, para não deixar no ar alguma impressão de impunidade, desagradando a
opinião pública e publicada, o STF deve aplicar condenações aos réus que,
comprovadamente, cometeram algum tipo de crime de lavagem de dinheiro. As
acusações de peculato e formação de quadrilha, com o mensalão “incomprovável”,
ficariam prejudicadas – o que facilitaria a absolvição dos principais acusados.
O medo psicologicamente
cultivado pela população e mais um terrível e péssimo exemplo de impunidade
dado pelo caso do Mensalão podem agravar ainda mais nossa crise institucional,
abrindo espaço para duas coisas. Ou para uma ruptura (menos provável, dada a
desmobilização e a inação do povo amedrontado). Ou para a consolidação do
Governo do Crime Organizado, que atende aos interesses globalitários,
anti-brasileiros, de nos manter sob exploração e subdesenvolvidos.
Os segmentos esclarecidos
da sociedade brasileira – espera-se que menos amedrontados – vão mudar o quadro
vigente? Ou vão permanecer covardes e se curvando ao Governo do Crime, apenas
protestando para si mesmos, entre seus seletos grupos ou via internet? A
resposta para tais dúvidas definirá o destino próximo do Brasil: Nação soberana
e potência mundial ou Nação subalterna e impotente diante dos esquemas que a
vilanizam.
Enquanto ninguém decide,
milhares de políticos ficha-e-contas-sujas começam o
patético teatrinho para conquistar seu voto, garantindo-lhes um empregão
público por quatro anos aos 5.563 prefeitos de municípios brasileiros com
56.818 vereadores. Uma festança!
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