1 – O candidato pinta cabelo, barba,
cavanhaque? Usa botox?
Não vote. Se faz isso é porque já tenta esconder algo dele mesmo. O que não
esconderá do eleitor? Político photoshop, de cabelo acaju? Chega! Se não é
mentira é boiolagem.
2 – É candidato carismático? Fora! Carisma serve [também] para disfarçar a
busca pelo poder, esconder autoritarismo ou incompetência. Ou ambos. Ele não tem inimigos? Não se indispõe com adversários? Então só pode ser
candidato a mister simpatia, menos ao cargo pretendido. Psicopatas e estelionatários podem são simpáticos,
sedutores. Lembre-se disso.
3 – Ele se
faz de vítima, não responde a ataques? Se responde, culpa a imprensa ou a
oposição? É fake, 171! Faz tipo de coitado? Chora e jura? Mentira pura. Não caia
na chantagem. Fachada – como tudo na vida – se deteriora de dentro para fora. Não
é diferente com as pessoas.
4 – O candidato se vende como político “novo”? Novidade em política é ovo que galinha
não botou. Se botou está choco. Pode ver que o “novo” carrega alianças firmadas
por velhas coligações, partidos e partidários. Político que se elege prometendo
novidade? No Brasil? Este não engana: será fatalmente apenas a mais nova
decepção.
5 – O candidato é velho conhecido? Se de velho tem a experiência e a
dedicação de uma vida de trabalho a serviço da comunidade, pode até ser. Não
quer dizer que é. E quando é, geralmente tem um trabalho social fora e longe da
política. Basta pensar nos benfeitores da humanidade: não foi na política que
deixaram grandes obras.
6 – O candidato se apresenta como filho
de fulano ou de fulana?
Desconfie. O filho costuma ser a reedição mais preguiçosa, interesseira, incompetente
e piorada do pai ou da mãe. Por pouco, quer valer-se da tradição, do curral
eleitoral ou do nome para trepar ao poleiro. Há exceções? Em política, pode
crer, são hipotéticas ou desconhecidas.
7 – O candidato faz festa, churrasco, regabofe
e boca-livre? Dá ingresso para shows e boates, paga estadia de hotel e motel,
paga contas, camisa de time de várzea e consulta médica? Aceite, participe, coma e beba de tudo à vontade,
usufrua, explore, desbunde e peça mais! Diga até que votará nele, mas vote em outro. Falsa
promessa trocada não dói. Pode ter certeza que o compromisso dele com você e
sua comunidade acaba junto com a festa. Depois de eleito, quem faz a festa é
ele. Mas quem paga a conta é você!
8 – O candidato faz campanha rica? Gasta
muito? Muita publicidade, muita divulgação multimídia, muito brilho e
trololó? Comitê, outdoors, banners, cartazes, carros adesivados, brindes?
Oba-oba e tatibitate? Ligue o desconfiômetro: é sinal de que o investimento
promete lucro muito maior. Para ele, claro. Aí tem. Fuja desses. São os piores.
9 – O candidato age e fala como gente
humilde? Faz-se de
humilde, de homem do povo, um tipo que nem “nóis”? É truta. Teatro barato. Desmascarar
é fácil: elogie bastante a humildade dele. Mas elogie mesmo. Na hora vai se
revelar o orgulho sob a capa da humildade. É a deixa. Despache-o.
10 – O candidato fala bonito, é todo
prosa? Aí, cuidado
redobrado! Costuma ser só clichê, falácia. Discursos tão vazios quanto as
promessas de campanha. Candidatos prometem em momentos de euforia como se tudo
dependesse da vontade deles apenas. Promessas, lembra o ditado, só as de
Cristo. E muito candidato aí jura que é cristão.
11 – O candidato é de alguma igreja? Exconjure. Exorcize. Benza-se. Feche o
corpo. De promessas quem vive é santo. Como ninguém o é, inferno e política
estão cheios de promessa. Religião – nem escola ou falta de – dá certificado de caráter. Em
religião e política, seja qual for a crença, quanto mais gente de
joelhos melhor. Pense nisso e não dobre a espinha.
12 – E o nome de urna do candidato? O nome de urna é divulgado nos
santinhos e aparece na urna eletrônica. Este ano, 106 políticos escolheram
Lula, 68 candidatas Dilma e 48 vão de Tiririca como o nome de urna, segundo
dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nome de urna diz muito – e nada –
do candidato. Apelidos, diminutivos, termos que forçam afetividade gratuita, associam
com artistas ou personagens populares, induzem piadas ou o “voto de protesto”? Mande
pras cucuias.
13 – O candidato
depende do prestígio de outro político para se eleger? Não tem luz própria, nem
mérito. Apague-o nas urnas. Pode saber: o outro é que quer (re)eleger o apadrinhado.
É continuísmo, tudo a mesma merda.
14 – É candidato
a vereador, mas promete obras disso e daquilo? Caia fora. Função de
vereador é legislar – coisa que poucos ou nenhum fazem. É fiscalizar se as
obras e os projetos em execução não foram superfaturados, se atendem aos
interesses da população. Outra coisa: vereador não é despachante de uma pessoa
ou bairro. Ele tenta a reeleição? Informe-se. Não tem ou teve atuação
abrangente? Defendeu e aprovou aumento do próprio salário ou do número de
vereadores na câmara contra a vontade do povo? Pé na bunda! A maioria é capacho
de prefeito. Ou vê o mandato de vereador como emprego ou profissão, quer
status, ascensão social e econômica. A maioria – depois de eleitos –, observe,
além de incompetente sofre de mal incurável: a empáfia. Reconhecê-los é fácil:
têm soluções para tudo e sempre prometem resolver problemas que
não são de sua responsabilidade.
15 – É
candidato a prefeito, disputa a reeleição? É simples. Observe a rua
em que você mora. Está limpa? Tem capina? Tem coleta de lixo regular? Tem
meio-fio, calçamento, calçada, iluminação, rede de esgoto? Ou está sendo
maquiada nessa época eleitoral? Você se sente seguro de andar nas ruas a
qualquer hora? O trânsito, como está? Há transporte público de qualidade? A rua
onde você mora é a cara do prefeito e dos vereadores. Se não está bem, pode ter
certeza: prefeitura e câmara estão piores.
16 – O candidato
quer se reeleger proclamando a realização de obras públicas como grandes
feitos?
É um perdulário. Se fez, não foi mais do que a obrigação dele. Para isso mesmo
foi eleito. Para tanto você paga impostos – altos e mal aplicados (quando não
desviados em obras superfaturadas), pode ter certeza. Esse tipo age como se o
eleitor dependesse dele e não o contrário.
17 – O voto
nulo anula a eleição? Não. O Tribunal Superior Eleitoral decidiu
que não. Você acha mesmo que patifes políticos vão criar ou aprovar leis contra
eles? A lei é premeditada contra o eleitor. Se 60% dos votos forem brancos ou nulos, os 40% de votos dados aos candidatos
serão os válidos. Basta um dos candidatos obter 20% mais um desses votos para
estar eleito. Em suma, se o voto da minoria é válido, qualquer pilantra está
eleito. A eleição só é anulada se houver fraude na votação (por exemplo, compra
de voto ou abuso de poder econômico).
18 – Não se deve reeleger candidatos? Políticos
e fraldas devem ser trocados sempre, pelo mesmo motivo. Na internet, circula uma
campanha: “Na próxima eleição, troque um ladrão por um cidadão.” Alternância
pode ser alternativa, embora tudo no Brasil das duas últimas décadas o desdiga. A cada
eleição, vai-se trocando seis por meia dúzia, o menos pior pelo pior ainda, o que roubou muito pelo que vai roubar ainda mais. Mas
lembre-se: eleitor é o que vota. Cúmplice é quem apoia ou acoberta o crime.
19 – O candidato se diz “de esquerda” mas desfruta do conforto e das
benesses do capital que ele "demoniza"? Esse aí, nem precisa dizer. Quer é
mamar. Mande-o pentear macaco! Sempre tem macaco – e macaca – de auditório
disponível. Fique alerta: esquerda ou direita hoje no Brasil tem a ver apenas
com a mão usada para o desvio.
20 – Se diz “de direita” mas apregoa ideologias “de esquerda”? É um demagogo. Mande-o plantar batatas! De novo: esquerda ou direita no Brasil
tem a ver apenas com a mão usada para o desvio ou a conveniência para defender o malfeito.
21 – É de centro e flerta com os “extremos”? Dizem que a virtude está no meio. Resta saber: qual virtude? Candidato
em cima do muro. Derrube-o: não vote. Ideologia política no Brasil é que nem
peido. Só muda o rabo. O que existe é interesse financeiro, pessoal, projeto de
poder.
22 – Ficha limpa adianta? A sociedade
organizada bem que tentou... A ficha pode até ser limpa, mas a conta do candidato
pode ser suja. O TSE, aparelhado, decidiu aprovar o malfeito e a bandalheira contra
o eleitor (saiba por que, aqui). Tem candidato aí levantando slogan de “Honestidade” e “Trabalho”.
Só não paga os credores. Caloteiro. Que a porta bata onde o sol não bate!
23 – Não sobrou
ninguém em que votar? Para quem vai votar, sobrou trabalho de
garimpo. Isto é, você precisa ser mais seletivo, esclarecido, participar mais
da vida de sua cidade, estado e país. Faça uma visita ao pronto-socorro local, para
ver se está tudo bem por lá. Informe-se da violência e das drogas na cidade.
Por aí tire suas conclusões. Por fim, lembre-se: na tecla verde da urna eletrônica
está escrito CONFIRMA. E não FODA-SE.
Ótimo!
ResponderExcluirExcelente manual professor!!!!!!!!!
ResponderExcluirExcelente! Repassando aos brasileiros e divinopolitanos...
ResponderExcluirOlá professor! Fui sua aluna há anos e vivia me perguntando por onde você anda. Bom te encontrar aqui, só não sei se irá se lembrar de mim. Mas posso dizer que você foi muito importante na minha formação. Abraços!
ResponderExcluirUm abraço, Talita.
ExcluirApareça sempre!
Ótimo manual! Conseguiu reunir em um único texto tudo que precisa ser analisado antes do voto. Enquanto as pessoas votarem pensando que não farão diferença nenhuma/tudo continuará na mesma, a situação tenderá a piorar - se é que é possível.
ResponderExcluirExcelente! Publicarei no meu blog, na minha cidade Santana do Araguaia, no Pará, também precisamos de um manual desses. Abraço Juarez
ResponderExcluirDisponha, Nicolau. Abraço.
ResponderExcluirÓtimo Manual de sobrevivência do eleitor, Juarez! Todos deveriam ler...
ResponderExcluirAbraço, professor!
Ótimo manual, mas como você mesmo falou, analisando todos esses itens, não sobra nada!!!!
ResponderExcluirÉ complicado! Acabamos indo no que parece menos pior.