segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A cabala sob a fumaça das pesquisas eleitorais

“Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas.”
                                                                                                                  (Mark Twain)
Ninguém é tolo de contestar toda e qualquer pesquisa eleitoral. Alguma deve ser séria. A pesquisa funciona pelo método de amostragem para apontar a opção política num dado momento. É uma interpretação de um recorte da realidade. Logo, não é a realidade.
Nem ninguém é tão ingênuo a ponto de não reconhecer que as pesquisas erram e erram muito. A favor e contra todos. Apenas repetem esquemas eleitorais que vêm se deteriorando quanto mais se degenera o eleitorado que tem de decidir não pelo melhor, mas pelo ‘menos pior’. Que enterra nas urnas, junto com seu voto, sua desgraça, seu desagrado e descrença.
Os motivos dos erros nas pesquisas podem variar do viés ideológico ao fato de se superestimar as intenções de voto no candidato que segue na liderança e subestimar os votos indecisos, brancos e nulos. E estes podem mudar todo o cenário, de repente, não mais que de repente.
Muitas pesquisas são feitas naquela de torturar os números até que digam o resultado desejado por quem as contratou. Parece o caso daquelas que disparam vantagem de tal candidato para influenciar os distraídos da pátria e os lúmpens desdentados com o oba-oba do “já ganhou”.
Variam também os resultados como varia mais ainda a confiabilidade dos institutos.  Partidos e candidatos há que, se não compram votos, compram pesquisas para induzir o eleitor a erro ou a votar naquele que "está na frente". Alguns institutos só funcionam em épocas de campanha. Estes, se não pertencem a empresas de comunicação, têm vínculo com grupos políticos. Daí não é raro, nas eleições municipais, surgirem pesquisas de encomenda. Servem de alerta, pois, para avaliar a consistência dos resultados dessas cabalas feitas para iludir bocós.
As pesquisas podem mudar a opinião dos eleitores? Sim. Principalmente os que votam sob o ronco das torcidas. Ou do estômago. Mas todo o ruído em torno delas nem sempre é opinião: pode ser apenas o arroto dos que comemoram a mama pregados às tetas do poder. Da mesma forma, nem é legitimidade todo resultado: é de tudo o resto, falta de opção.
E por falta de opção, votar no menos pior já é motivo mais do que suficiente para não votar.