Antônio Machado de Carvalho (Do Jornal O Tempo, 31/05/2012)
Com o refinamento de um
velho professor, melhor dizendo, de um professor doutor em trapalhadas e
malfeitorias (reconhecido, até, como Honoris Causa por respeitáveis
Universidades), o ex-presidente Luiz Inácio da Silva resolveu recentemente, e
mais outra vez, fazer aquilo que sabe melhor: achincalhar a Constituição, as
Leis e as Instituições, bases sobre as quais se assenta nosso Estado
Democrático de Direito, numa peita inaceitável ao Ministro Gilmar Mendes,
visando melar o julgamento pelo STF do mensalão, obra prima do governo Lula.
Para seus padrões, nada de inusitado haveria em seu comportamento. Causaria
espanto se fosse o contrário. Compostura, de fato, não é o seu forte.
Nem nos episódicos dias em
que esteve detido, ainda no governo militar, ele soube se haver com decência. O
estupro, real ou tentado, de um jovem que compartilhava com ele a prisão ─ o notório caso do “menino do MEP” ─ não foi
esquecido pelos homens de bem. O sátiro predador de viuvinhas de sindicato não
tinha pejo de se lançar contra qualquer pessoa que lhe acicatasse a libido, em
crua e extremada falta de limites e de respeito às interdições sociais. Não se
deve minimizar, igualmente, a bem da verdade, que seu partido ─ o PT ─ guardava, e guarda, coerência e fina
sintonia com seu líder maior. Tanto é que deliberou, naqueles já distantes idos
de 1988, em não reconhecer, e não assinar, a nova Constituição Federal para
cuja elaboração fora eleito o então deputado Inácio da Silva. Aliás, aqueles
que de alguma maneira acompanham o dia-a-dia da política nacional não
encontrarão, nestas mais de duas décadas transcorridas, qualquer declaração do
ex-presidente no sentido de defesa da Carta Magna.
Mas o melhor de suas
manifestações, ou o pior, para ser mais exato, foram suas avaliações sobre
membros do STF (por ocasião de seu incrível encontro com o ministro Gilmar
Mendes na casa do ex-ministro Nelson Jobim), ao imaginá-los subalternos e
submissos a seus patronos de nomeação para o pretório excelso. Lula tentou
apequenar os ilustres ministros Ayres de Brito e Carmem Lúcia de maneira tosca
e grosseira, usando um metro à sua imagem e semelhança. Os ministros Tóffoli e
Levandowski foram referidos por ele como se fossem meninos de recado. Suas
aleivosias contra o ministro Joaquim Barbosa, no entanto, tangenciam a injúria
e a difamação, ao tachá-lo de “traidor” e “complexado”. Este último adjetivo, esclareça-se,
é uma tradução popularesca do conceito de ressentimento. Ressentido, vejamos,
por qual razão? Por ser negro? Homem cioso de si, de seu valor intelectual, de
suas origens e de suas conquistas pessoais, o ministro Joaquim Barbosa pode ser
tudo, menos ressentido. É uma psicologia barata, a que povoa o imaginário de
Luiz Inácio da Silva. Ela não se confunde, todavia, com ditados hauridos da
sabedoria popular, e que são o seu perfeito retrato: se quer conhecer o vilão,
“basta lhe dar o bastão!”.
Meu amigo,
ResponderExcluirJuarez,você é um exímio crítico e cientista político ,parabéns pelo texto e ,com o Lula ,
a gente não tem surpresa,ele é o que é:cara de pau.Beijos Rai White Castle.
Obrigado, Rai. No caso, o mérito é todo do Antônio Machado de Carvalho, autor do irretocável artigo que ilustra a página.
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