Luiz Felipe
Pondé (Folha de S.Paulo, 22/06/2012)
Fui visitar as outras
Rio+20, no Forte de Copacabana e no aterro do Flamengo. A do forte é bastante
organizada e com pessoal bem treinado para lidar com multidões. A do aterro tem
cara de feira de hippie velho.
No forte há dois ambientes.
Um anfiteatro para mesas redondas com grandes empresas e gurus verdes. Vi um
interessante debate no qual o representante da Ambev Milton Seligman falou
muito bem sobre como a sustentabilidade só funcionará quando entendermos que
ela tem de operar num mercado de bens e recursos naturais e tecnológicos
sustentáveis e competitivos.
O outro ambiente é a
exposição sobre a humanidade. Não escapa do marketing emocional barato. Numa
sala específica, frases de intelectuais afirmam absurdos sobre um mundo baseado
em solidariedade e amor pela humanidade e de como gastamos dinheiro em armas,
conforto e jogos eletrônicos (!!) desnecessários. Cifras eletrônicas apontam
quantas crianças nascem e morrem enquanto olhamos os números, assim como também
quantas árvores são derrubadas (desertificação).
O ridículo de tal abordagem
está no fato de que ao questionar o gasto em armas não se percebe que diante da
multidão que ali se encontra, apenas o forte esquema de segurança e de ordem
imposto pela equipe é que impede que a multidão de seres pretensamente
solidários furem a fila e atropelem uns aos outros.
Basta observar o dia a dia
institucional desses intelectuais que pregam a solidariedade para ver que são a
prova irrefutável de que Thomas Hobbes, filósofo inglês do século 17, tinha
razão quando dizia que o homem é o lobo do homem. Um dos ambientes de trabalho
mais violento e desonesto é aquele ocupado por esses intelectuais "do
bem".
No aterro do Flamengo há
uma espécie de "cúpula dos povos" que dá vontade de cortar os pulsos.
Trata-se de uma mistura de feira de periferia, cheia de cacarecos à venda, com
cheiro de assembleia de estudantes que não gostam de assistir aula.
Ela reúne hare krishnas
chatos, gente do MST querendo invadir a terra alheia, bandeiras do PT e PC do B
e índios desbotados. Claro, não faltavam aqueles caras pintados de branco
dizendo "save the planet" com sotaque ridículo.
Aliás, a coisa toda é
ridícula porque todo mundo sabe que esse "amor entre os povos" acaba
no primeiro momento que alguém tiver que pagar a TV a cabo. Essa moçada de
"um outro mundo é possível" só fica por perto enquanto mamam o
dinheiro de alguém, quando eles têm que meter a mão no bolso, normalmente todos
voltam para seus buracos de origem.
Em todas as notícias que leio sobre os ativistas de qualquer um desses fóruns sociais e/ou ambientais, sempre vejo os "sem terra" urbanos, criados a toddynho e leite com pera, os "trabalhadores" que nunca viram trabalho e os "estudantes" profissionais. É impressionante que sempre, mas sempre mesmo, essa turma passa a imagem de "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". É como aquela postagem com uma fila de gente do MST no Mc Donald's.
ResponderExcluirP.S.: Juarez, vc vai publicar alguma coisa sobre o "golpe", literalmente, paraguaio ?
marcelo.tomanik@gmail.com
Olá, Tomanik. Golpe paraguaio é que nem uísque paraguaio. O senado paraguaio cumpriu a lei, agiu rápido para impedir que o bispo-paraguaio-pedófilo piorasse o que já é ruim. Quem alega golpe em defesa de Lugo e otras cositas más é muambeiro ideológico, tudo no estilo contrabando dessa turminha mencionada aí acima.
ExcluirUm abraço.