Muito aldeão aí, ancho da vida, e mais uns tantos (estes mais) indignados porque a personagem Tereza Cristina, na pele da atriz Christiane Torloni, da novela global Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, mencionou a cidade de Divinópolis, em cena que foi ao ar no capítulo de segunda-feira (27).
Na ficção, o mordomo Crô (Marcelo Serrado) e o motorista Baltazar (Alexandre Nero) brigavam quando caem sobre a cama da madame e ela os surpreende. Logo insinua que os dois têm um caso e pergunta onde iriam passar a lua de mel, se em Divinópolis ou Xiquexique.
O assunto – que certamente mudou e mudará a vida de tanta gente – ganhou a internet e as ruas da cidade, muitos dizendo-se ofendidos com a tal menção.
Não há de quê.
Uma vez ao menos, Divinópolis não apareceu em rede nacional por causa dos estragos e do descaso nas enchentes, de prefeito que encomendou diploma de “qualidade administrativa” e mantém cabidaço de emprego, de vereadores que, contra a vontade do povo, votam para aumentar a quantidade de edis e o próprio absurdo salário – o qual muito mais pesa do que vale diante da baixa representatividade dos interesses de fato da população. Nem apareceu por causa do pior trânsito do Brasil ou de ter contabilizado 13 homicídios em 50 dias e ostentar o título de uma das mais violentas cidades de Minas Gerais.
Mas Crô e Baltazar não venham mesmo, eles e outros, passarem férias ou lua de mel, porque atrações turísticas aqui não há. Vão ver o quê? As pinturas do santuário? A pracinha? A agonia do rio Itapecerica infestado de capivaras? O portal enferrujado que, plantado no meio da avenida, leva do nada ao lugar nenhum? O maior quebra-molas da Terra? As crateras lunares nas ruas e calçadas onde o IPTU não chega? O virtualíssimo parque da ilha? Carnaval sazonal em parque de exposição, que isso outros há mais e melhor alhures?
Pois que vão para Xiquexique, na Bahia, onde há atrativos à margem do rio São Francisco e, segundo consta, um bem organizado Parque Aquático.
Ou que vão, sim, para Divinópolis, aquela cidade do estado do Tocantins, também conhecida como Ganxo. Esta, sim, cercada das belezas naturais dos rios da Piedade e do Coco, em meio à tranquilidade de pousadas e fazendas, a recomendá-la como ponto turístico e como “melhor lugar para se morar”.
Não convence é que seja esta Divinópolis, dita “princesa do oeste mineiro”, como quer a pretensão ou a indignação requestada pelos aldeões. Até porque Tereza Cristina (leia-se Aguinado Silva) não fez essa distinção de - digamos - mérito.