quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eleição municipal antecipa o calendário maia em Divinópolis

O calendário maia não prevê um fim do mundo catastrófico como muitos pensam e sim o início de uma nova era de segurança, paz e prosperidade. 
Em Divinópolis ninguém precisa se preocupar.
Os augúrios do calendário maia foram antecipados para o mês de outubro.
Passei dois dias assistindo ao hilário eleitoral pago e cheguei a essa conclusão.
Em outubro, logo após as eleições, a depender dos candidatos – a vereador, prefeito e vice – todos os males vão se dissipar.
Os valores mais sublimes de uma Nova Era de esperança, renovação, mudança e atitude, honestidade e trabalho com alguma variante, são essas as palavras repetidas nos discursos dos candidatos se disseminarão pelos quatro cantos da cidade.
Vão se espraiar como ondas eletromagnéticas e emanações de partículas de fótons dos raios solares, elevando a consciência de todos a um nível superior de alta frequência evolutiva, jamais vista na história da humanidade. Vão transformar tudo.
Todos os candidatos estão imbuídos e irmanados destes mais altos, inexpugnáveis valores.
A fauna é variada.
Tem candidato de peruca apregoando atitude e os de cabelo-barba-bigode-e-cavanhaque pintados de acaju exaltando a transparência; tem calvo apostando na legalidade da calvície e tem sindicalista-comunista-chavista a la Chanel...
Tem os super-heróis sobreviventes dos mais destemidos embates nas ligas da justiça que disputam a reeleição e candidato ensinando o eleitor analfabeto a contar até cinco nos dedos da mão. Tem candidato que não tem independência financeira, mas promete independência legislativa...
Tem velhos conhecidos que não escondem a velhacaria da novidade e gente nova prometendo novidade com velhas práticas e ideologias, repetindo aquele mantra do “ainda somos os mesmos e vivemos...”
Ah, e ainda tem os enviados de Deus. Estes, os ungidos, portadores de uma crença inexorável nos desígnios da política.
Mais tocante de tudo isso, só mesmo os candidatos que declaram amor incondicional pela cidade e pelos divinopolitanos – o que, certamente, me inclui, não há de quê, obrigado.
Tantos são os benfeitores da humanidade dispostos ao sacrifício e às agruras do cargo que fica realmente muito difícil decidir assim, no relance do pregão televisivo, pelo voto.
Com tantas opções equipotentes, pelo menos já defini um primeiro critério para escolher um candidato: os bonitinhos que me perdoem, mas feiura é fundamental.
Mas, de fato, os interesses do povo estão muito bem representados e todos os candidatos têm uma qualidade inegável: são corajosos.  Para fazer jus a tamanha abnegação, os eleitores também terão de sê-lo. Corajosos, muito corajosos.
Terão de garimpar uma babilônia mais funda que a de Serra Pelada. 

Não reeleja

domingo, 12 de agosto de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012

Uma conta que não fecha

Mivla Rios
Venho observando o comportamento dos novos jovens solteiros nas redes sociais virtuais. É uma rotina bem redondinha, com começo, meio e fim.
Domingo à noite explodem no facebook e no twitter a choradeira e as dores de cotovelo – avalanche de frases, vídeos e verdadeiros depoimentos de carência, solidão e amores não correspondidos. Todo mundo reclamando dos relacionamentos frustrados, das cafajestagens alheias e da solidão. E esse batido vitimizado se arrasta pela segunda e pela terça, pelo menos.
Na quarta surge um novo comportamento – frases de autoajuda, pensamentos positivos e toda uma corrente de esperança começa a nascer. Chega de valorizar quem não me valoriza, ou é tempo de deixar pra trás aquilo que não me faz bem ou ainda algo como Deus não demora, Ele capricha se tornam a bola da vez.
Quinta, novos ares. Fim de semana se aproximando, é hora de mostrar superação, capacidade de dar a volta por cima e se preparar para o período “mais” incrível de toda a sua existência. Neste novo momento é de praxe criticar quem declara afeto. Afinal a sexta vai chegar e é preciso estar livre, leve e solto pra se acabar nas baladas.
Aí vem a tão esperada sexta-feira. E com ela todas as infinitas possibilidades de curtição, pegação, badalação, dentre outras. Todo mundo feliz, montados nas roupas, maquiagens, sapatos, e carros novos e cheirosos. Simbora! O mundo vai ficar pequeno pra tanta diversão sem compromisso.
Sábado é o ápice! Ou ainda o que pode se chamar de UTI (Última Tentativa de Indivíduo). Todo mundo na caça, buscando curtição a todo custo. O investimento é alto, expectativas idem. Vamos pra rua que é lá que mora a felicidade.
Pois bem, num destes sábados me aventurei numa balada do estilo denominado “sertanejo universtário”. Casa cheia, só gente bonita, feliz e carência alguma. Me diverti com o coro de vozes cantndo letras do tipo:
– Se namorar fosse bão isso aqui tava vazio.
– Tá a fim de um romance compra um livro.
– As mina pira, garra na tequila, pula na piscina, fica fácil de pegar.
– Gata, me liga, mais tarde tem balada. Quero curtir com você na madrugada.
– E hoje vai rolar o tchê, tchererê tchê tchê.
– Eu quero tchu, eu quero tcha. Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tchu tcha.
– Ai, se eu te pego. Ai, ai, se eu te pego.
– É meu defeito: eu bebo mesmo, beijo mesmo, pego mesmo. No outro dia nem me lembro.
Lembra sim!!! Tanto lembra que mal amanhece o domingo começa a dor de cotovelo, de novo. Todo mundo cantou as letras das musiquinhas acima, dançou, gritou, rebolou e até beijou ou fez o lêlêlê, mas a verdade é que voltam todos à estaca zero e o ciclo recomeça. Vai ser mais um fim de domingo de “mimimi” nas redes sociais.
O negócio é de uma incoerência catastrófica, pois os mesmos seres humanos que estavam gritando aos quatro cantos do mundo o quão ridículo é o amor na sexta e no sábado, começam a chorar por ele no domingo e estendem isso na segunda e terça. O tal de rolar um lance, sem compromisso, que todo mundo quis e cantarolou, virou algo sem sentido e a turma passa a se perguntar onde estão os sentimentos, o caráter e o amor.
Sinceramente gente, me explica, por favor, porque eu acho que estou ficando meio burrinha. De que lado vocês estão? O que realmente pensam e buscam? Estou confusa. Se o negócio é pegar, beijar e fazer o lêlêlê, qual o problema de estar sozinho domingo à noite? Não era isso que vocês queriam? Eu, hein?!
Fico por entender e pensando mais à frente. Que tipo de estrutura de relacionamentos essa nova juventude vai construir? Será que teremos famílias? E os sentimentos serão mesmo renegados e lembrados apenas no final do domingo, na segunda, e, com sorte, na terça?
Como diria o locutor esportivo Sívio Luiz: “O que é que eu vou dizer lá em casa?” Isso tudo é muito estranho, pra mim, nonsense.
Sou de uma geração quase extraterrestre, que nasceu ainda na década de 70 (nos últimos seis meses 1979, tá?). Que conheceu o mundo sem a internet e as redes sociais e fica meio que no vácuo, sem entender essa conta que, na minha opinião, não fecha. Um dia o povo quer somar, no outro quer subtrair. Não há uma sequência lógica de raciocínio. Das duas uma, ou a minha matemática tá ultrapassada, ou essa turma ainda não aprendeu que pra ganhar algo é preciso perder alguma coisa. Não dá pra ter tudo e todos, o tempo todo, sem nenhum prejuízo emocional, moral ou afetivo. É isso que eu, analogicamente, penso.
Fim da equação, pelo menos pra mim.
(Mivla Rios é professora e coordenadora do curso de Comunicação da Faculdade Pitágoras.)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Eu não gosto de política

Inúmeras vezes, incontáveis vezes, tenho ouvido de amigos essa frase, proferida como suma expressão de bom gosto e de elevada sensibilidade moral e estética. É como se estivessem acrescentando: “Prefiro Thomas Morus, prefiro Chopin, prefiro os pintores impressionistas…”
Sistematicamente respondo tal observação com um comentário: “E quem te pediu para gostar?” Gostar ou não gostar de política é absolutamente irrelevante, como irrelevante é gostar ou não gostar de inúmeras coisas indispensáveis à vida cotidiana no mundo em que vivemos. E note-se, muitas delas são tão decisivas para nossa existência que, apreciando ou não, nos empenhamos em fazer bem feito o que nos corresponde.
A política é uma dessas coisas decisivas, realidade irremovível da vida de quem se recuse a viver no mato. E é uma realidade com fortíssimo poder de determinação sobre a qualidade da vida social e econômica, sobre os valores, sobre a dignidade da pessoa humana e sua concretude, sobre o progresso e a civilização.
Boa parte do que podemos relacionar como especificamente individual, e praticamente tudo o que se abriga com o agasalho social, depende da política. Portanto, repito: gostar ou não é uma questão apenas sensorial. Já o desinteressar-se é atitude moralmente irresponsável.
Ninguém dirá que, por não gostar, se afasta, desdenhoso, do trabalho que faz, dos filhos cujas fraldas precisam trocar e dos pais enfermos que precisam ser cuidados. Da mesma forma, estamos irrevogavelmente condicionados por preceitos e realidades determinados pela política. A política é uma das várias dimensões naturais da pessoa humana. Entramos nela pela concepção e não saímos dela nem depois do enterro porque, é pela via política, que nossas disposições testamentárias encontram base legal e vigência.
Formulo então para os leitores uma confidência: eu também não gosto da nossa política. Aliás, estou convencido de que para gostar da política nacional, com a temos hoje, se requer uma absoluta ausência de bom gosto. Quase tudo, nela, causa engulhos aos estômagos mais sensíveis. E é exatamente por isso que ela me interessa, que procuro estudar e conhecer as causas determinantes de seus incontáveis descaminhos e que me dedico a apontar novos rumos institucionais capazes de fazê-la servir como deveria ao bem comum.
Cidadão que me lê. Saiba que você é cidadão porque vive numa sociedade política. Queira ou não queira. Pode fazê-lo de modo mais abrangente, inclusive como participante do jogo eleitoral na condição de dirigente partidário, candidato, detentor de mandato ou cargo político. Mas não escapa de participar, ainda que em forma de inserção menos proativa (para usar uma expressão da moda), como eleitor.
No entanto, ainda que apenas como eleitor, você tem imensa responsabilidade moral em relação ao seu voto e ao interesse que aloca na formação de seu discernimento e de seus critérios de decisão. Se você, como tantos, vota em qualquer um (e qualquer um costuma ser o tipo do sujeito que faz qualquer coisa) ou vota em alguém pensando no seu próprio interesse, não se surpreenda quando aquele em quem votou passar a cuidar do interesse dele mesmo. Tal conduta estará apenas reproduzindo a sua. Ou não?

sábado, 4 de agosto de 2012

É tempo

Aquellas pequeñas cosas – Mercedes Sosa e Joan Manuel Serrat

Assunto de gente grande para gente pequena

Muito marmanjo não entende. Um tanto não quer entender. Outros fingem não entender ou que o negócio nem é com eles.
Mas até as crianças já sabem o que é o escândalo do mensalão do PT.
O esquema está detalhado em linguagem infanto-juvenil, no site da Turminha do Ministério Público Federal (MPF).
"Os crimes pelos quais os réus são acusados tiveram como resultado o uso indevido do dinheiro público, ou seja, todos nós fomos vítimas", afirma o site.
O site da Turminha foi criado pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria Geral da República, para tratar de assuntos relacionados às áreas de atuação do MPF.
São assuntos de gente grande para gente pequena.
O objetivo é contribuir para a formação da cidadania de crianças e adolescentes e tornar o MPF mais próximo de todos os cidadãos.
Até daqueles que, de modo infantil, leviano e irresponsável tentam negar o óbvio ululante da maracutaia toda.
Para conhecer o site da Turminha, clique aqui