terça-feira, 25 de junho de 2013

A mágica do produto sem processo

Guilherme Menezes*
Tá na hora do povo começar a valorizar matemática.
Quando escolhi fazer Ciência da Computação, fui obrigado a ouvir de alguém o absurdo de que eu passaria o resto da minha vida instalando Windows.
Aqui, ouço os chineses dizerem que eles querem que os filhos e filhas sejam engenheiros, antes de qualquer outra profissão.
Parece que vivemos em um mundo em que as coisas são construídas por mágica. No supermercado, os produtos aparecem magicamente na prateleira. Você abre a torneira e sai água. Existe um esforço deliberado para separar o processo do produto.
Vivemos no mundo em que você pode conseguir qualquer coisa comprando um livro e seguindo 7 simples passos. Sem esforço. Você abre a torneira e aprende a consertar seu relacionamento.
No Brasil, especificamente, vivemos no mundo em que você quer fazer uma empresa sem pagar nem valorizar direito seus engenheiros, usando mão de obra de estagiários. Não sei porque os juros são altos, o Brasil é o país do retorno rápido e do processo terminado pela metade. É a mágica do produto sem processo.
Nossas crianças recebem uma educação meia-boca, focada em ideologias, como se focar o aprendizado em matemática fosse uma conspiração capitalista de direita com o objetivo de criar uma força de trabalho desvalorizada para a exploração da burguesia.
Só que não é. Ensinar matemática é dar as ferramentas para uma criança entender e modificar o mundo, criar, produzir o que ela acha que é significativo. É dar poder e liberdade para a criança.
Poucas coisas dão mais poder a uma pessoa do que a capacidade de entender a estatística. É essencial a criança sair da escola sabendo que uma média vale mais que um exemplo, e que em determinadas situações nem a média nem nenhuma ferramenta estatística é capaz de simplificar a realidade. Quantas situações de violência, racismo, machismo são frutos da simples incapacidade de perceber essas diferenciações?
Vivemos um delírio (e acho que não só no Brasil) de que você pode ficar rico, virar chefe, diretor, ser ouvido, criar seus filhos, tudo sem trabalhar. Para aprender matemática, o menino tem que sentar a bunda na cadeira e gastar umas horas entendendo o que está acontecendo. No nosso mundo do produto, ninugém quer saber do processo, e perde-se a oportunidade de ensinar às crianças a lição mais importante que a matemática ensina: não é possível fazer as coisas pela metade. Você tem que sentar e aprender tudo sobre funções, porque senão você vai se estrepar quando tentar aprender trigonometria. É simples. Quanto mais tempo você gasta com o problema, melhor vai ser a solução.
E em uma realidde em que o que importa é o consumo do produto, e não o processo do protudo, você encontra aberrações lógicas como pessoas querendo ser chefes sem trabalho. Ou um país em que as coisas são consistentemente feitas pela metade.
(*O texto é produto de Guilherme Menezes, ex-aluno, hoje engenheiro de computação, uma daquelas exceções que justifica e honra o processo de ensinar a pensar o pensado.)

domingo, 23 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Gol de letrinhas

No dia 11 de junho, fui recebido por uma turma de craques na Escola Ilídio da Costa Pereira, em Divinópolis. Tudo porque uma galerinha muito animada ainda mais se animou a ler meu livro “Quando Falar é Fazer” (Gulliver Editora). Uma horinha de descontração, bate-papo e contação de histórias, de deixar o coração da gente em peso pluma.
Aí estou eu, no meio da criançada sacudindo o livro que nem bandeirola de time que já começa a fazer os primeiros gols de letrinhas. Ah, e pais e mães presentes, naquela de torcida organizada em jogo de afeto e linguagem – onde, a gente sabe, todo mundo pode ser campeão. Mais uma vez, nota dez para o trabalho da diretora Aélida, das professoras Uelma, Marlene e Cláudia. Elas são dessas que gostam é de desafio no meio de campo.
Então: cada vez que visito o Ilídio (já chamo assim, íntimo na área) me surpreendo um pouco mais e mais me certifico de que a cada passo, a cada projeto da escola, mais ela se confirma não só como referência em ensino. Mas principalmente pelo empenho notável de nos lembrar que se a Educação não resolve todos os problemas do mundo, nos dá crença, alento, a esperança de que um mundo melhor é possível. E isso não só é parte da solução, como é um lance de coragem.
Valeu! Fiquei pelas tabelas de feliz!