terça-feira, 28 de junho de 2011

Onde está Deus?

Um casal tinha dois filhos que eram uns capetas.

Os pais sabiam que, se houvesse alguma travessura onde moravam, eles, com certeza, estariam envolvidos.

A mãe dos garotos ficou sabendo que o novo padre da cidade tinha tido bastante sucesso em disciplinar crianças. Então, ela pediu a ele que falasse com os meninos.

O padre concordou, mas pediu para vê-los separadamente. A mãe mandou o filho mais novo.

O padre, um homem alto, com uma voz de trovão, sentou o garoto e perguntou-lhe austeramente:

– Onde está Deus?

O garoto abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som. Ficou sentado, com a boca aberta e os olhos arregalados.

Então, o padre repetiu a pergunta num tom ainda mais severo: o garoto não conseguia emitir nenhuma resposta.

O padre levantou ainda mais a voz, e com o dedo no rosto do garoto berrou:

– ONDE ESTÁ DEUS??????

O garoto saiu correndo da igreja direto pra casa e trancou-se no quarto. Quando o irmão mais velho o encontrou, perguntou:

– O que aconteceu?

O irmão mais novo, ainda tentando recuperar o fôlego, respondeu:

– Cara, desta vez tamo ferrado. DEUS sumiu, e acham que foi a gente!!!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Aplausos que explicam a história

Uma boa forma de descobrir em que momento histórico um povo se encontra é analisar as razões que levam o agrupamento que o lidera ao aplauso. O vídeo acima talvez dê pistas do nosso atual quadro evolutivo.
(Do Site Implicante)

sábado, 18 de junho de 2011

Trava-língua

E dizem que o Português é “língua difícil”...
Para quem quiser se aventurar no trava-línguas inglês (tongue-twisters):

1. MÓDULO BÁSICO (Basic)
Três bruxas olham três relógios Swatch. Qual bruxa olha qual relógio?
Em inglês:
Three witches watch three Swatch watches. Which witch watch which Swatch watch?

2. MÓDULO AVANÇADO (Advanced)
Três bruxas "travestis" olham os botões de três relógios Swatch. Qual bruxa travesti olha os botões de qual relógio Swatch?
Em inglês:
Three switched witches watch three Swatch watch switches. Which switched witch watch which Swatch watch switch?

3. E ESTE É PARA PHD:
Três bruxas suecas transexuais olham os botões de três relógios Swatch suíços. Qual bruxa sueca transexual olha qual botão de qual relógio Swatch suíço?
Em inglês:
Three Swedish switched witches watch three Swiss Swatch watch switches. Which Swedish switched witch watch which Swiss Swatch watch switch?

domingo, 5 de junho de 2011

O unicórnio de porcelana

“O Unicórnio de Porcelana” é um curta-metragem de Keegan Wilcox, vencedor do Prêmio Philips “Tell It Your Way” de 2010, escolhido entre mais de 600 inscritos de todo o mundo, todos apresentados por aspirantes a cineastas.
O desafio era criar curtas originais, a partir de um mesmo diálogo de seis linhas breves. O diálogo desse ano foi:
“O que é isso?
É um unicórnio.
Eu nunca vi um de perto antes.
Bonito.
Fuja. Fuja.
Sinto muito.”
“O Unicórnio” é um drama histórico relembrado por um idoso que luta com suas memórias de 1943, na Alemanha, quando foi membro da Organização Juventude Hitlerista. Na ocasião, era um garoto de 12 anos. Ao arrombar uma loja judaica abandonada, descobre uma jovem judia apavorada tentando se esconder das tropas de assalto nazista.
O breve encontro na situação de perigo de vida leva a um momento compartilhado de ternura, que forjou uma relação especial entre duas crianças que vivem na Europa devastada pela guerra.
A mensagem do filme evoca uma forte convicção no poder do espírito humano para triunfar sobre o trauma de eventos catastróficos.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Histórias da Medicina Mineira

A barriga do padre de Santos Dumont crescia cada vez mais.
Descartada a hipótese de cirrose, os médicos concluíram que seria melhor realizar uma cirurgia exploratória, já que era preciso fazer alguma coisa.
A cirurgia mostrou que era um mero acúmulo de líquidos e gases, e o problema foi sanado.
Porém, alguns estudantes de medicina resolveram aprontar e, quando o padre estava acordando da recuperação pós-cirúrgica, colocaram um bebê em seus braços.
O padre, espantado, perguntou o que era aquilo e os rapazes disseram que era o que havia saído de sua barriga...
Passado o espanto e tomado de intensa ternura, o padre abraçou a criança e não quis mais se separar dela.
Como se tratava do filho de uma mãe solteira que morrera durante o parto, os rapazes se empenharam para que o padre ficasse com a criança.
Os anos se passaram e a criança se transformou num homem, que se formou em medicina.
Um dia, o padre já velhinho e sentindo que estava chegando sua hora de partir chamou o rapaz e disse
– Meu filho! Tenho o maior segredo do mundo pra te contar, mas tenho medo que fique chocado.
O rapaz, que já havia intuído do que se tratava, disse, compreensivo:
– Já sei. Adivinhei há muito tempo. O senhor vai me dizer que é meu pai, né?
– Não, sou tua mãe! Teu pai é o bispo de Barbacena!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Minha Mãe Preta, Valdete da Silva Cordeiro


 Minha mãe preta, Valdete da Silva Cordeiro, olhando e cantando para o alto,
rodeada das Meninas de Sinhá

Eu tenho uma mãe preta.

Eu a re-conheci em 1989, quando eu morava em Belo Horizonte.

Naquele ano, um acidente me deixou hospitalizado, em coma.

Aos doze dias de internação, quando ficou sabendo de meu estado, ela correu para o hospital.  Entrou no quarto, em pranto. Chamando pelo meu nome, pedia que não a deixasse.

O médico lá estava junto de mim, com meu pai e uma irmã. Nada entenderam quando aquela mulher desconhecida deles irrompeu o quarto, mas o médico viu que exatamente nesse momento eu comecei a reagir.

– Continue, continue chamando, disse o médico. A senhora está trazendo ele de volta.

Foi isso. 

Assim me contaram.

Essa minha mãe me acolheu em momento difícil de minha vida e só fui entender sua intervenção quando me explicou tudo em um demorado abraço, sem nada me perguntar, sem nada me dizer.

Seu chamado me tirou de um escuro vazio. Algum tempo depois, sentados eu e ela no quintal de sua casa, entendi a fidelidade de nossa história.

Mais que uma afinidade atávica nos une. Eu e ela nos amamos desde sempre, antes mesmo de nos reencontrarmos. Tanto que, mesmo distantes, nos comunicamos por sonhos. Ela sabe quando vou chegar, eu sei quando devo ir.

Quando quero colo, desatar uma aflição ou angústia, se preciso confidenciar alegria ou dor ou se preciso ver mais alto, tenho de subir o morro, onde mora minha mãe preta, no Alto Vera Cruz. Só de saber que ela está lá ou de subir o morro e vê-la, sou obrigado a ver mais alto, do alto.

Além dos filhos naturais, ela tem centenas de outros filhos e filhas, os adotados, os diletantes, os agregados e quem mais chegar.

Lá no alto do morro minha mãe preta cuida da realidade – de sonhos também – de seus muitos filhos e filhas.

Mãe que é mãe é igual no mundo todo. Seja no morro, em Majorca ou na Praça de Maio. Minha mãe preta é dessas mães cujo colo cabe ainda um monte de mãe que, para minha mãe preta, são filhas dela também.

Seu nome é Valdete da Silva Cordeiro.

Foi ela quem criou o grupo Meninas de Sinhá.

As Meninas são senhoras, de 50 a mais de 90 anos. Umas adoráveis espevitadas que andam pelos palcos deste país, onde levam, há quinze anos, mais que dança e cantigas de roda, alegria e alento.

Minha mãe mora em frente ao posto de saúde no Alto Vera Cruz, em Belo Horizonte. Sempre via mulheres entrando e saindo dali, com sacolas de antidepressivos. Ela conta: “Elas tomavam remédio para comer, para dormir, para preocupação, enfim, para viver e isso me entristecia. Então, comecei a conversar com elas, que me diziam que tomavam remédio porque se sentiam angustiadas, tristes. Comecei a notar que precisavam melhorar a auto-estima e cuidar mais de si mesmas". Para ajudar, resolveu chamá-las para um bate-papo semanal. No início, foi tudo muito difícil. "Elas diziam que tinham mais o que fazer, uma até chegou a me dizer que o tanque dela estava cheio de roupa para lavar." No começo eram somente três, aos poucos, outras vieram participar.

Desses encontros, nasceu o grupo Meninas de Sinhá, em 1996.

O tempo passou. Desde então, o morro cresceu, uma parte foi urbanizada, becos foram abertos, muita coisa mudou, a favela já não é mais aquela. Tanto não é que, eu que muitas vezes antes subi o morro e quando agora subo, não deixo de pensar nos versos de Paulinho da Viola:

“Vista assim do alto [...]
Pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar.”

Minha mãe livrou suas meninas da solidão, do desamparo, da dependência de remédios, da alienação, da exclusão, do medo da vida.

Hoje, com CDs gravados, agenda de shows, diversos prêmios culturais, participação em filmes, uma vida de trabalho e exemplo, minha mãe preta e suas meninas dividem o palco com artistas renomados como Daniela Mercury e Jair Rodrigues. Mais do que isso, por onde vão não deixam ninguém se esquecer de que, na roda da vida, há o tempo de brincar e celebrar.

Minha mãe preta continua lá, ao lado da gente do morro. Continua aqui, junto de mim, cada vez que a memória entoa um chamado que sei, reconheço, vem do morro, vem do alto, como na cantiga das Meninas:

Tá caindo fulô
Lá do Céu
Cá na Terra
Ô tá caindo fulô
 
Hoje, vinte anos depois daquele dia no hospital, enquanto navegava na rede, encontro na revista Raça deste mês uma reportagem de Etiene Martins sobre o grupo Meninas de Sinhá. O texto, na íntegra, pode ser lido aqui.

Vinte e dois anos depois.

Deixo rodar o CD de minha mãe preta e suas meninas.

Ouço, tentado a me convencer de que “quem vive lá no morro já vive pertinho do céu”.

Meu coração, órfão jamais, sabe que lá está minha mãe preta, e outras mães, no fim do dia a rezar uma prece, Ave Maria.