quarta-feira, 21 de maio de 2014

Olhe onde pisa!

As tampas de bueiro no Japão são emblemáticas da força da Cultura para refinar o sentido de uma civilização. São obras de arte com motivos que variam conforme o lugar.  Cidades e distritos têm seus desenhos próprios e as criações são incentivadas pelas autoridades locais. Tudo muito diferente das crateras podres ou das pichações grotescas vistas por todo o Brasil – e estas ainda são “interpretadas” como um código, uma “nova gramática urbana” por parte de debilóides ‘politicamente corretos’ que veem naqueles rabiscos esquizofrênicos a expressão de uma identidade.
No caso brasileiro são, sim, a identidade da carência de Educação e Cultura, do atraso e do desrespeito pelo patrimônio público e privado.
No Japão, a arte não fica restrita a museus e galerias. Tem espaço na cidade e visibilidade nas ruas. Os primeiros bueiros decorados surgiram em 1950, como forma de democratização do espaço público.
Espalhados pelo país, retratam ícones da cultura nipônica, esculpidos no relevo do ferro e pintados com pigmentos e resinas extraídos de árvores. São peças sintomáticas do fato de que, mais do que Educação, a Cultura é o imperioso reforço do status de evolução e de desenvolvimento de uma sociedade, tanto na sua complexidade quanto no detalhe.
Será que, um dia, pisaremos esse – ao menos semelhante chão? Olha para o céu, Frederico!



Nenhum comentário:

Postar um comentário