Um em cada 5 minutos de aulas no país é perdido tentando pôr ordem na indisciplina dos alunos, mostra pesquisa da OCDE
Comparando o Brasil com as
nações ricas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os
professores brasileiros trabalham mais: 25 horas semanais, contra 19 na média
de outros 33 países. Mas quando se analisa como este tempo é gasto, a coisa
muda de figura.
Os docentes aqui perdem 20%
do tempo em aula para manter a ordem, ou seja, lutando contra a indisciplina e
pedindo calma.
Como outros 12% são gastos
em trabalhos administrativos – tais como o preenchimento de chamadas – chega-se
ao tempo de aula que é traduzido em ensino: 67% (não 68%, como
se poderia supor, porque a OCDE arredonda as porcentagens).
A média de tempo efetivo em
sala de aula nos países da organização é 79%.
Na Finlândia – um exemplo
batido, mas sempre lembrado, de excelência educacional - o tempo chega a 81%.
Na Coreia do Sul, outro
país de altos resultados em exames internacionais, fica em 76,9%.
Os resultados fazem parte
da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), divulgada hoje pela OCDE.
Muitos especialistas em
educação batem na tecla há anos de que é possível conseguir melhores resultados
no país apenas tentando utilizar de forma mais sábia o tempo já disponível em
sala de aula.
A Talis ouviu 106 mil
professores dos anos finais do ensino fundamental em todo o mundo. No Brasil,
foram 14,2 mil, de 1.070 escolas.
Comento:
Creio que os resultados só não são piores, ainda,
graças à ação de alguns professores que não curvam o joelho à pegagogia do
lascado que contamina a educação à brasileira com vitimismos e paulo-freirizações
as mais rasteiras. Uma gororoba pedagógica que mistura socioconstrutivismo,
cidadania e ética com temas transversais, socialização e, quiçá, talvez,
perhaps, may be, até alguma reflexãozinha – esta, claro, desde que seja na base
da “conscientização” que só reproduza o senso doutrinário. De
preferência, aliás, que a educação seja “para o futuro”, não para hoje. Nisso,
inclusive, o país melhorou tanto que continua nos últimos lugares nos rankings
internacionais da Educação (confira).
O resultado?
Uma escola rebaixada ao aluno, sem autonomia, gestão nem respaldo social
para elevá-lo – o aluno – a um nível razoável de Educação e Cultura. Some-se a
isso uma preguiça macunaímica e a resistência, o repúdio à autoridade e à
hierarquia– que já vêm [da falta] de berço e o fato de que pensar dói, dá trabalho,
leva tempo uma mentalidade bem formada. O professor tem que se esgoelar e se esfalfar
pela atenção do aluno em meio à anomia da sala de aula, onde a permissividade é
tanta. Completa inversão! Qualé? Bom mesmo é ostentação, claro, na base de bonés,
tênis e roupas de grife pirateados e gadgets contrabandeados, tudo com direito
a pose de bacana no Face.
Na ponta, ainda tem progressão automática, cota e
bônus para conduzir um enorme contingente de analfabetos funcionais (aquela gente
que, além do próprio umbigo, não sabe distinguir entre fato e opinião, mesmo
desenhando) para a universidade. Então o ciclo se fecha. Ali, na universidade, formam
uma massa política e ideologicamente manobrável e todo o processo retroalimenta
a cadeia das inépcias sob o rótulo de Educação Nacional. Assim, privilegia-se a
estultice em detrimento do mérito, o coitadismo e a desmotivação dão a tônica e
os alunos, que pelo menos essa incongruência sabem reconhecer (e isso eles
sabem!), dela se beneficiam pois, ao fim, serão condecorados com o diploma. Um
pedaço de papel que, no Brasil, vale muito mais do que o conhecimento.
Todos nós fingimos – nisso somos bons – que não
sabemos de tudo isso. Afinal, Educação é aquele negócio que só é bom no
currículo dos outros.
Ah, sim: a culpa – ou a responsabilidade, como
queira – não é só de Governo, não é mesmo? Este é apenas e tão somente o que
mais se aproveita da maçaroca toda. Até porque, convenhamos, analfabetismo
funcional & analfabetismo político caminham a par da estultice na via de
mão dupla que elege, mantém, aplaude e defende oportunismos, assistencialismos
e cafajestagens entronizados neste, eternamente, País “do” Futuro.
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