Quem não tem colírio e usa óculos escuros, escutou dona Dilma Rousseff, no lançamento do plano Brasil sem Miséria (veja aqui), ressaltar a participação dos governadores no combate à pobreza e declarar em relação aos escândalos que Lula deixou-lhe como herança:
"Quero reafirmar a importância do pacto que firmamos hoje. É o Brasil inteiro fazendo a verdadeira faxina que esse país tem que fazer: a faxina contra a miséria".
A ideia de faxina veio de encomenda da imprensa. A tal faxina não é assim uma Brastemp. Dona Dilma só faz espanar a poeira sem varrer o pó. Bota um lixinho para fora, mas retém o entulho dentro do governo.
A dita faxina é um embuste. Só tolo não vê. Só conivente acata. Dona Dilma não tem um plano de combate à corrupção (até porque é refém dos corruptos avalizados por Lula). Não tem posição definida quanto aos fatos. Apenas diz não se deixar pautar pela mídia. Mídia, no caso, entenda-se a minoria de uma imprensa livre fazendo o papel de dedo indicador ao denunciar a sujeira. O resto levanta o polegar. Ou o usa para bater o chamegão chapa-branca do jornalismo analfabeto político.
Falemos de faxina quando o bandido estiver na cadeia, a sentença transitar em julgado e o dinheiro surrupiado voltar aos cofres públicos. Não há faxina de miséria enquanto o governo não se limpa da corrupção parideira de todos os males, a miséria moral inclusive e principalmente.
No caso de dona Dilma Rousseff, limpar-se da corrupção significa romper com os desvios do passado podre que Luís Inácio deixou-lhe em mãos. Se tal ruptura acontecer, me avisem. Enquanto isso, faxina é o escambau. O que há é uma velha modalidade de burla: demite-se o ladrão ou espera-se que ele peça demissão. Como se esse ato de confissão de culpa limpasse a ficha e o ambiente infectado pela corrupção acumulada nos batentes da imoralidade político-administrativa escondida por Luís Inácio sob o tapete de seus dois mandatos. Com a qual entronizou sua sucessora.
Se dona Dilma Rousseff quiser mesmo fazer faxina, sabe muito bem por onde deveria começar. É uma questão de, digamos assim, prendas domésticas do Planalto. Mas aí eu só duvido vendo.
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