Não é porque a seleção
brasileira de futebol perdeu o jogo para a equipe alemã que se vai dizer: ah, o
Brasil perdeu a Copa. Perder a Copa o país já perdeu há muito tempo, no rodo
das promessas de um legado que não veio. Nem virá. Quem ganhou foi a Fifa.
Fizemos a nossa parte, pagamos a conta da festa, tudo como manda o Padrão
Brasil. A gente torceu – e como! – pelo futebol em campo, em tudo diferente do
jogo cá fora, para além dele e dos entorpecimentos do sentido que possa
provocar.
Pena, mesmo,
é que a geral não leve para fora do quadrado a paixão pelo fair play. Vestir-se
e pintar-se de verde amarelo a cada quatro anos para levantar bandeira não
é nenhuma canalhice. Canalhice é tentar se apoderar do futebol, da paixão
nacional, do campeonato, do choro livre. Ora, nada é mais livre que o choro,
dispensa bons modos, dispensa educação, não precisa pedir licença.
Depois, com
choro, cerveja e xixi, vai pelo ralo qualquer indignação cívica. Nem falta até
quem defenda que tenha jogo todo dia, para nos livrarmos e nos curarmos de todas
as nossas mazelas e canalhices. Amanhã,
todo mundo esquece e o melhor é tocar a bola pra frente. Euforias não duram
mais que uma semana. Pouco mais do que os escândalos no país, que não duram mais do que vinte quatro horas e
logo vem outro cobrir a falta na área. Decepção e sorriso amarelo não tem como esconder. É vero, a paixão pode cegar as
pessoas. Mas quem sabe possa a cegueira aguçar os ouvidos, fazê-las quererem
ouvir? Pronto. De resto, todos agora
podem lançar mão dos álibis que a joelhada de Zúñiga deu aos explicadores de
encomenda, fosse para a vitória, seja para a derrota da canarinha.
O Brasil perdeu a
Copa? Viva o Brasil! Há uma realidade que não comporta nenhuma outra – porque
ela mesma não se furta – e se impõe, escancarada, no lugar daquele delírio
coletivo que ora se debate para não ceder ao sentimento de que o brasileiro não
é um povo vencido mas, em parte, vítima da ilusão com que continuará – ainda –
empurrando o jogo da realidade com a barriga.
Com a barriga e, de resto,
com o corpo todo, para daqui a mais quatro anos, a fantasia, o sonho do “país
de chuteiras”, país “campeão”. Campeão de que mesmo? Onde? Para quem?
O escritor Eça de Queiroz
disse certa feita que quanto mais a sociedade é culta, mais a sua face é
triste. Não sei por que, mas estou feliz. Acho que emburreci.
É o que tem pra hoje!
Bis bald!
Juarez,
ResponderExcluirvaleu ler seus artigos!
Muito grata! Sempre!
Abraço e muitas bênçãos,
Rosely
Show!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirCompartilhandooo.......
Igor