quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Museu dos Soldadinhos

O Museu dos Soldadinhos de Plomo, em Valência, Espanha, possui a maior coleção de soldados de brinquedo e figuras em miniaturas do mundo. São mais de 85 mil deles em exibição em dioramas intrincadas e displays, além de mais de um milhão armazenados, que retratam de cenas espetaculares a grandes batalhas da História.
  
Soldados de Napoleão na Guerra da França contra a Inglaterra  

Tudo começou com o pai de Alejandro Noguera, diretor do museu. Ele conta que seu pai recebeu um conjunto de soldados espanhóis de brinquedo. Era o início de um hobby e de uma vasta coleção privada, que legou aos filhos como uma forma de instrução, mais que um passatempo. Criança ainda, Noguera diz que não se lembra de um feriado em que não andava pelas lojas e mercados de pulga olhando para os soldadinhos de brinquedo. “Foi muito divertido, nós usamos os exércitos da Segunda Guerra Mundial, com regras sobre diplomacia e economia, mas foi também uma maneira de meu pai nos ensinar sobre negócios, porque se você sabe como organizar um exército, sabe como organizar um negócio, uma biblioteca, qualquer coisa”. 

Batalha da Guerra de Sucessão Espanhola

Brincar com soldados em miniatura para reproduzir grandes batalhas tem sido um hobby para muitas pessoas há centenas de anos. É um brinquedo que permite desenvolver diferentes estratégias em diferentes cenários e, claro, recontar histórias, pois cada peça tem um valor e ocupa um lugar na cena. Algumas peças parecem ter vida própria. Com detalhes e características admiráveis, destacam-se de maneira peculiar na ação e na disposição com que as envolvemos nos roteiros imaginados. 

H.G. Wells, o escritor inglês, jogando com um jogo de guerra

Eu tive um Forte Apache, da coleção Gulliver. Eram figuras de vinil, pintadas à mão, de soldados, índios e cowboys, além do pórtico, das paliçadas, as torres de vigia, o alojamento dos soldados e as escadas. Muitas vezes, fiz o chefe Apache Gerônimo, meu preferido, ganhar a batalha contra os soldados da cavalaria americana e tomar o Forte, que era um posto avançado na luta contra os peles-vermelhas. Eu sempre fazia Gerônimo saltar de cima das pedras sobre o soldado a cavalo, na emboscada de uma luta terrível. Também reproduzia com as miniaturas os episódios da série de televisão, de mesmo nome do brinquedo, na qual atuava o Cabo Rusty e seu famoso cão pastor, Rin tin tin.
O passatempo foi substituído depois pelos legos e playmobils, e praticamente desapareceu com o surgimento dos games de computador e RPGs. Creio que pouca gente cultiva esse hobby em todo o mundo, que particularmente cobre domínios da história, da geografia, da arte, da economia, da criação de grandes campos de batalha no terreno da imaginação e da fantasia.
Hoje, fiz uma visita virtual ao Museu dos Soldadinhos. Lembrei-me no ato dessas miniaturas com que, menino, tanto brinquei. Uma época, a Coca-Cola lançou uma promoção em que trocávamos tampinhas de garrafa por miniaturas dos personagens de Walt Disney. Eram de plástico, brancas, não tinham a mesma expressão e vivacidade dos soldadinhos que brincavam nas fronteiras e territórios do real e da imaginação. Eu perdi parte das peças do meu Forte Apache quando nos mudamos de uma casa para outra. Depois, numa reforma da casa, o pedreiro soterrou com entulho outra parte que deixei em cena no quintal e cobriu de cimento, enquanto eu estava na escola. Ficaram lá, enterrados, como parte da minha infância. De resto, ficou a lembrança. Cresci. As batalhas são outras. 

Assassinato do imperador romano Júlio César, por Brutus

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