quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cidade sitiada

estou reabitando minha cidade
– evacuada em tempos de ameaça de catástrofe.
cada cidadão meu foi para um canto da floresta,
e lá passou medos e saudade.
agora eles voltam por instinto de coisa boa.
sentem um sol novo a entrar nas casas
–  sentem esse sol de longe,
 ainda que permaneçam amedrontados sob a copa da árvore negra –
sol a convidá-los para a remorada.
a convidá-los a viver.
montam barricada agora
e dizem que nunca mais hão de sair
e viverão para sempre.
eu digo que sim, que sim.
que eu acredito neles
apesar de saber que o para sempre é pouco tempo
e termina sempre
– sem atraso –
no fim.
no fim do dia.
fim do dia
quando a casa e o bosque
ficam da mesma cor.

2 comentários:

  1. querido juarez, adorei a imagem.
    parece o reflexo num rio suposto
    em que o reflexo é o oposto.

    o branco se olha no espelho e vê o preto
    e a cidade no reflexo se vê deserto
    verde
    e paisagem.

    abraço.

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  2. o sol que convidava a cidade de Belo Horizonte, hoje foi totalmente recoberto pela sombra negra da copa das árvores. dia vergonhoso. dia de luto. faltam mil. mas pra quê?

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