quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quero vê-la mais longe

 
Eu gosto de aluno é bem longe de mim.
Eu tive uma aluna, Amanda de Andrade.
Recordo Amanda na adaptação que fiz da obra de George Orwell para o teatro da escola, em 2006.
A personagem dela, uma tartaruga retirante, abandonava discreta a granja dos bichos que tinha virado uma porqueira sob a governança dos porcos (nada diferente do Brasil de então e de agora).
Amanda estava na sétima série, aluna com os olhos cheios de interrogação, os lábios exclamativos, as mãos fingidamente serenas tateando porquês.
Professor de redação, fui reencontrá-la na 3ª série do ensino médio, destoando do, digamos assim, “high profile” reinante.
Entre redação e outra, prova e outra, uma conversa, vinha lá Amanda com um sussurro ou espasmo transmudado em prosa ou poesia – esse sítio para o qual se retirou, menina, com sua literatura a falar de árvores que crescem juntas confabulando projetos.
Um dia ela me confidenciou: Juarez, preciso te contar, escrevi uns contos e vou lançar um livro.
Agora, recebo um convite.
Dia 29 de julho, ela estreia com seu livro de contos, o seu “Buquê de Palhetas”, pela Paco Editora, na Casa da Cultura, em Divinópolis.
Ainda não li o livro mas já gosto.
Gosto, e vou lá, ver de perto, pegar meu exemplar autografado.
Vou lá, ver de perto Amanda naquele movimento de pedra atirada na água. Pedra que vai ao fundo e desce percutindo, espraiada em ondas na superfície, as superfícies, segredadas às funduras. 
Vou lá, ver de perto Amanda.
Vou dar-lhe um abraço bem apertado, grato porque Amanda segue lição do mestre explicador:  vai bem longe de mim.
Quero vê-la mais longe ainda, Amanda.

2 comentários:

  1. Sensacional!

    Graças a essas histórias é que ainda nos mantemos motivados em nossa labuta pedagógica.

    Parabéns!

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  2. Norma Lúcia Aguiar Brum7 de agosto de 2011 às 16:01

    Fiquei muito emocionada no lançamento e após a leitura do livro da Amanda.
    Menina de ouro, vai longe!...
    Parabéns!

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